Raspagem da bexiga (RTU de bexiga): dúvidas frequentes
- Dr. Rafael Viterbo

- há 6 dias
- 3 min de leitura
Se você recebeu indicação de “raspagem da bexiga”, fique tranquilo: esse é o nome popular da Ressecção Transuretral de Tumor de Bexiga (RTU de bexiga, ou TURBT). É um procedimento feito pela uretra, sem cortes externos, para retirar a lesão e confirmar o diagnóstico no exame da peça (anatomopatológico).
1) O que é a “raspagem da bexiga” (RTU/TURBT)?
É uma cirurgia endoscópica realizada com uma câmera e instrumentos introduzidos pela uretra para:
Ressecar (retirar) a lesão visível na bexiga
Controlar sangramento no local
Enviar o material para análise (anatomopatológico), que define o diagnóstico e orienta os próximos passos
2) Por que ela é indicada?
Na prática, ela é indicada quando existe suspeita de lesão na bexiga, geralmente por:
Sangue na urina (hematúria) e achado de lesão em exame de imagem
Lesão vista na cistoscopia
Achado suspeito em ultrassom/tomografia/ressonância que precisa confirmação por endoscopia e biópsia
3) A RTU serve para tratar ou só para diagnosticar?
Os dois.
Diagnóstico: confirma o que é a lesão (tipo e características).
Tratamento inicial: em muitos casos, remove toda a lesão visível — mas o “tratamento completo” (ou necessidade de tratamento complementar) depende do resultado da análise do material retirado.
4) Como é feita a cirurgia? Dói?
O procedimento é feito com anestesia. Durante a cirurgia você não sente dor.No pós-operatório, é comum ter:
Ardência para urinar
Vontade frequente de urinar
Desconforto baixo no abdome/pelveEsses sintomas costumam ser temporários e variam conforme o tamanho e a profundidade da ressecção.
5) Precisa ficar internado?
Sim — em geral, o paciente fica internado 1 a 2 dias.Isso pode variar principalmente por:
Tamanho e número de lesões
Sangramento
Necessidade de irrigação vesical (lavagem contínua pela sonda)
Uso de anticoagulantes/antiagregantes e outras condições clínicas
Em casos menores e com pouco sangramento, alguns serviços conseguem fazer alta mais precoce, mas na prática o padrão costuma ser 1–2 dias.
6) Vou sair do centro cirúrgico com sonda?
Na maioria dos casos, sim. A sonda ajuda a:
Drenar urina e pequenos coágulos
Permitir irrigação (se necessário)
Evitar retenção urinária no pós-operatório imediato
Geralmente a sonda é retirada antes da alta, especialmente quando a urina já está mais clara e sem coágulos importantes. Se houver necessidade de irrigação por mais tempo ou sangramento persistente, a sonda pode permanecer por mais tempo (decisão caso a caso).
7) O que é “irrigação” da bexiga e quando ela é necessária?
Irrigação é a lavagem contínua da bexiga pela sonda para evitar obstrução por coágulos e controlar sangramento no pós-operatório.Ela é mais comum quando:
A área ressecada foi maior
Houve sangramento mais intenso
Há tendência a formar coágulos
8) É normal ter sangue na urina depois?
Pode acontecer. Urina rosada ou com pequeno sangramento pode ser esperado no início. O importante é a tendência: normalmente vai clareando progressivamente.
O que não é esperado (ou merece avaliação):
Sangramento que aumenta com o passar das horas/dias
Muitos coágulos ou entupimento da sonda
Dificuldade para urinar após retirada da sonda
9) Quais são os riscos e complicações possíveis?
As complicações mais discutidas após RTU incluem:
Sangramento (às vezes exigindo irrigação e/ou mais tempo de sonda)
Retenção urinária por coágulos
Infecção urinária
Perfuração da bexiga (incomum, mas possível, especialmente em ressecções profundas)
Sintomas irritativos temporários (ardor, urgência, aumento da frequência urinária)
O risco individual depende principalmente do tamanho/localização da lesão e do sangramento.
10) Quando devo procurar emergência depois da RTU?
Procure atendimento se houver:
Incapacidade de urinar (retenção)
Coágulos importantes e dor/entupimento
Febre
Dor intensa que não melhora
Sangramento importante ou piora progressiva do sangramento
Mal-estar importante, tontura, fraqueza intensa
11) O que acontece depois da raspagem? Qual é o “próximo passo”?
Depois da RTU, o próximo passo é discutir o resultado do material retirado e definir a estratégia, que pode envolver:
Acompanhamento com cistoscopias em intervalos programados
Tratamento intravesical (quando indicado)
Nova ressecção (re-RTU) em situações específicas, quando é necessário confirmar estadiamento e/ou garantir que não ficou lesão residual
Em cenários selecionados de maior risco, discutir alternativas adicionais (individualizado)




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